Quais são as maiores tendências do Office Core?
- Pampack Embalagens
- 24 de jul.
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A moda corporativa passa por uma transformação com a ascensão do estilo conhecido como Office Core, tendência que incorpora elementos tradicionalmente masculinos às coleções femininas. Popularizada por marcas escandinavas durante a Copenhagen Fashion Week, realizada em fevereiro deste ano, a estética segue ganhando força ao aliar alfaiataria precisa a propostas mais fluidas e versáteis, especialmente voltadas ao ambiente profissional.
A marca Won Hundred apresentou durante o evento o prendedor de gravata Lactuca Tie Pin, da AKVA Jewellery. Inspirado nas formas orgânicas da alface-do-mar, o acessório é descrito como uma peça escultural que traduz a estética fluida da marca ao transformar elementos naturais em joias metálicas refinadas.
Na Forza Collective, o estilista Kristoffer Guldager Kongshaug tem apostado em uma abordagem que propõe a fluidez de gênero como base do processo criativo. Cerca de 20% a 30% da coleção de outono-inverno 2025 foi desenvolvida com peças como casacos oversized e camisas de alfaiataria desenhadas para atender a diferentes públicos, independentemente de gênero. Segundo o estilista, o foco está na criação de roupas versáteis, que possam ser usadas por qualquer pessoa. Ele acrescenta que a inclusão de elementos do guarda-roupa masculino, como casacos militares britânicos, amplia as possibilidades de design e se adapta com naturalidade ao vestuário feminino.
A designer Astrid Andersen, fundadora da marca homônima e da recém-lançada STEL, também contribui para o movimento ao incorporar sua formação em moda masculina em coleções femininas que priorizam conforto e força visual. Andersen afirma buscar uma estética em que a mulher possa parecer profissional e poderosa sem abrir mão da praticidade. Suas criações incluem calças de alfaiataria, casacos amplos e gravatas, todas pensadas para expressar presença no dia a dia.
A gravata, aliás, tem ganhado destaque como símbolo de autoridade no novo visual feminino. Na marca Deadwood, o diretor criativo Felix von Bahder afirma que o acessório funciona como ponto de estrutura dentro da composição, acrescentando imponência aos looks. A mais recente coleção da marca combina gravatas a babados de inspiração pirata e jaquetas de couro, estabelecendo um contraste visual entre códigos tradicionais masculinos e femininos.
A Marimekko também segue nessa direção com uma coleção centrada em peças utilitárias e estruturadas. A diretora criativa Rebekka Bay explica que a proposta parte de referências do workwear, especialmente o jeans e os casacos tipo celeiro, para explorar proporções amplas e silhuetas femininas redesenhadas. As jaquetas bomber, com tecidos fluidos e cinturas marcadas, surgem como exemplo desse equilíbrio entre robustez e leveza.
No MKDT Studio, a estilista Caroline Engelgaar reforça a ideia de um design unissex com blazers cruzados, camisas de popeline e calças estruturadas. A coleção inclui um cinto desenvolvido para ambos os gêneros e peças que unem linhas precisas, silhuetas fortes e ombros bem marcados. A marca trabalha a ideia de versatilidade como ferramenta de empoderamento, apostando em formas que desafiam as convenções da alfaiataria tradicional.
A Stine Goya apresentou uma proposta performática para a temporada, com o tema "separação". O desfile, realizado junto a uma exposição no museu Kunsten, na Dinamarca, apresentou tecidos pintados diretamente sobre os corpos dos modelos, simbolizando a unidade entre corpo e roupa. A coleção mescla elementos florais com casacos de inspiração militar e explora uma abordagem estética livre de gênero. A marca insere a referência masculina como uma constante que se integra ao ambiente, funcionando como estrutura fixa em meio à fluidez criativa.
A tendência acompanha uma mudança cultural mais ampla, marcada pela adoção crescente de peças com inspiração masculina por estilistas que desenvolvem coleções femininas ou unissex. Entre os destaques da Copenhagen Fashion Week está Cecilie Bahnsen, que firmou uma parceria com a The North Face para a coleção primavera-verão 2025. A colaboração inclui roupas e bolsas decoradas com os característicos patches florais da estilista.
Na Herskind, a diretora criativa Birgitte Herskind também aposta no contraste como assinatura. Ela utiliza tecidos associados ao vestuário masculino para compor silhuetas femininas elegantes, consolidando o estilo conhecido como "Scandi Girl", marcado por ternos de alfaiataria com estética profissional refinada.
A marca Alis, tradicional no universo do streetwear, também ressurge dentro desse novo contexto. Criada em 1995, a grife se destacou nas subculturas do skate e do hip-hop de Copenhague. Após um período de baixa, a marca retorna sob direção criativa de Tobias Birk Nielsen, que busca atualizar seu legado com novas técnicas de tingimento, efeitos visuais inspirados na cultura dos cafés e peças como coletes, jaquetas puffer e calças esportivas. Para o estilista, o objetivo é ressignificar a marca sem perder sua identidade, conectando moda, cultura e comunidade para uma nova geração.
Em meio a essa transformação estética, elementos da alfaiataria masculina ganham novas leituras no vestuário feminino e surgem como símbolos de empoderamento. A gravata, por exemplo, volta a ocupar papel de destaque, como já evidenciado por figuras como Kamala Harris, ao representar presença e força na indumentária feminina.
A expansão do estilo Office Core revela uma nova definição de elegância e profissionalismo, baseada na fusão entre força estrutural e fluidez. Designers como Engelgaar e Goya mostram que o poder na moda contemporânea está justamente na superação de limites tradicionais e na criação de peças que refletem autenticidade, funcionalidade e liberdade de expressão.
Fonte: Forbes
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