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Estilistas projetam a moda pós pandemia: conforto, cor e brilho

No mundo da moda, o olhar sempre está lá na frente. Com coleções que começam as ser desenhadas até 18 meses antes de chegarem às vitrines, as marcas se debruçam sobre as tendências na tentativa de acertar o que os consumidores vão querer vestir quando desaparecer o risco de ir a uma loja ou a uma festa de vestido novo.


É a chance de recuperar as perdas do setor na pandemia.


Estilistas, empresários e consultores se dividem. Para uns, depois de tanto tempo em casa, a demanda maior será por peças mais elaboradas, com a extravagância dos brilhos e cortes complexos.


Já outros apostam no conforto a que as pessoas se acostumaram durante a temporada em casa. Em um ponto, porém, todos concordam: a moda será mais sustentável.


Este movimento, segundo eles, não se resumirá a uma ecobag estilizada. O consumo consciente começou no confinamento, quando as pessoas perceberam que poderiam viver com menos. Contribuem para isso novas tecnologias de tecidos mais orgânicos.


"Sustentabilidade, inclusão e tecnologia formarão um trinômio para a indústria da moda nos próximos anos", diz Paula Acioli, coordenadora do curso de Formação Executiva em Moda na FGV.


Paula enxerga alguns movimentos simultâneos para a saída da pandemia. Um deles é o chamado “gasto por vingança”, uma espécie de compensação que as pessoas buscam no consumo depois de um longo período de privações.


Na contramão, crescem as plataformas on-line de compra e venda de roupas usadas, na linha dos antigos brechós, que estimulam também as marcas a adotar reforma e revenda de peças usadas.


"É comum na Europa e tem se consolidado no Brasil. Muita gente descobriu, em casa, que pode viver com menos roupas e acessórios, e que o excedente no armário pode ser uma fonte de renda oportuna em tempos difíceis. Explica o boom de plataformas de comércio on-line de brechós", diz Paula.


‘Nada de básico’

Para a consultora de moda Gloria Kalil, quando todos forem vacinados, os consumidores estarão ávidos por novidades. Será, ela prevê, um momento de oportunidade para as marcas —e também para pequenos estilistas —de explorar a criatividade, com mais cores e ousadia: "Tem que mirar no perfil do cliente, porém, é hora de inventar, de ousar. Não me venha com jeans, camiseta e moletom. É a hora de as pessoas quererem renovar, de cores. Nada de básico. É claro que tem que ser confortável, mas tem que ter novidade, fazer esquecer a pandemia."


O maior tombo do setor foi entre abril e maio de 2020, quando as lojas foram fechadas e a circulação nas ruas, reduzida. A recuperação logo perdeu força na virada do ano, coma segunda onda e a alta do desemprego.


Segundo o pesquisador do IBGE, Cristiano Santos, 2020 foi o pior ano para a indústria têxtil. O fechamento abrupto de um setor muito dependente da experiência física causou um impacto tão relevante que nem mesmo o e-commerce conseguiu reverter.


"A performance de consumo deste ano, em geral, vai depender daquilo que a vacina trouxer. Acredito que será um ótimo ano, porque as pessoas vão extravasar", diz o diretor e sócio-fundador da marca carioca Farm (do Grupo Soma), Marcello Bastos, que também vê a moda pós-pandemia colorida, ousada, confortável e com decote. "As pessoas vão sair de casa, e a roupa é um cartão de visitas relativamente barato."


A estilista Lenny Niemeyer aposta numa mistura entre quem vai querer brilhos e saltos, e quem se acostumou ao conforto e vai continuar adotando peças mais práticas — o que não significa deixar a elegância de lado, adverte:


"O mercado vai se equilibrar com um consumo mais consciente. Acho que será a vez das cores básicas, por exemplo, para se usar mais vezes a mesma roupa, como caramelo, preto e azul. Os acessórios é que serão os diferenciais", diz Lenny, que dirige a grife de moda praia que leva seu nome.


Rony Meisler, líder da Reserva (que acaba de se integrar ao grupo Arezzo), está certo de que, além do básico, as fibras 100% naturais e orgânicas virão com tudo. A aposta alinha-se com outros lançamentos da marca ao longo da pandemia, como uma linha com máscaras e camisas feitas com tecido antiviral e uma coleção de malha para ficar em casa.


"A partir de agora, serão mais fortes as peças mais básicas, confortáveis e que carregam tecnologia, tanto têxtil, para diminuir a temperatura do corpo, quanto na modelagem ou acabamento, como o bolso escondido", diz Meisler.


Fonte: Pequenas Empresas, Grandes Negócios

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